AMOR QUE NÃO SE AMA
Perturba a loucura de tal amor que perdura sem mesmo se amar;
Que se permite aprisionar no submundo da ofensa e agressão;
Quem faz da covardia sua forma de expressão, sem complacência ou perdão deveria estar;
Mas há quem prefira contestar e a tal celeuma emprestar o coração!
Mulher que ama seu algoz desfila a prova do que sente sob a forma de hematoma;
Tenta ofuscar numa redoma o seu doméstico inferno entre paredes;
Pancadas para elas e outra chance para eles – patológicos sintomas;
Íntimos biomas, humilhando o valor humano por tênues filetes!
O que destroça uma família nem sempre aniquila uma paixão;
Mesmo na prisão, o amor bandido agrada o agressor pela ação de sua vítima;
Orgulho cego ou fraqueza ridícula? Gesto pequeno ou nobre compaixão?
Para a surpresa do pensar em oposição, retornam à mesma mão, tão vil e frívola!
São histórias de um amor que a razão rejeita e o ódio amaria;
Que a coletividade condenaria, porque o amor jamais avilta sua própria dignidade;
Mas a realidade possui uma face estranha, que a si mesmo contraria;
Há mulheres que odeiam quem uma flor lhe traria, e há outras que amam a mão que lhe bate!
"É mais fácil achar riqueza em bolso de mendigo que um coração bandido vazio e solitário"