SELVA

Nessa selva

eu avanço sem limites meu querer não tem fronteiras o meu ser não tem divisas eu vou eu volto eu revolto eu corro e recorro e ato desato e soo ressoo e me envolvo eu não penso ora penso e repenso e faço e desfaço e sinto e pressinto eu ressinto e doo e perdoo eu voo e revoo de pouso a repouso e fujo e esqueço se lembro não relembro -sempre lembro- e esqueço se vejo não revejo e se quero eu requero meu querer não tem fronteiras o meu ser não tem divisas mas divido o indivisível realizo eu prossigo e corro e fujo eu me parto me reparto só pedaço me equilibro reanimo então grito eu me engano eu sou selva meu querer não tem fronteiras o meu ser não tem divisas sou engano e desengano então corro também chovo e só passo como o vento eu sou brisa adormeço readormeço pesadelo amanheço

Nessa selva de abandono

Domo as saudades como quem doma leões.