Prisão
A prisão renega o paraíso
O que é pleno.
A plenitude é só e é inteira
É completa.
O que é eterno é o momento
O momento é vitalício e interminável
É um momento que se alonga
Como o verso
Que não termina até ter que terminar
E não mede.
A prisão é o termo
Imaturo
Que amadurece o destino de quem se aprisiona
E não importa o tamanho
A prisão mata
A prisão renega o paraíso
Que é terno.
A prisão nega o juízo
A prisão desfaz o que já fez
A prisão mata.
O prisioneiro é o carrasco dele mesmo
O prisioneiro e seu carrasco aprisionado
O prisioneiro se mata
O visionário isola a si mesmo
O visionário e sua visão aprimorada
O visionário se isola
As grades ferem
Os olhos traem
As bocas calam
A mente fala
E refala
E sempre diz
Para não sermos os prisioneiros
De nós mesmos
Como os versos não são os prisioneiros da métrica.
Os versos não são prisioneiros deles mesmos.
A palavra está presa.
A frase está presa
“Entre-grades”
O verso está preso
Entre aspas
Não se aprisione
Entre agora
E o verso é prisioneiro
Da métrica agora
E a métrica mata e esfola
A idéia
E a métrica diz e rouba
O que se quer dizer
E as grades ferem
Os olhos traem
E as bocas falam
Falam mais do que tem para falar
Pois são prisioneiras delas mesmas
As burras palavras.
Com métrica e verso
E mais burras palavras.