Prisão

A prisão renega o paraíso

O que é pleno.

A plenitude é só e é inteira

É completa.

O que é eterno é o momento

O momento é vitalício e interminável

É um momento que se alonga

Como o verso

Que não termina até ter que terminar

E não mede.

A prisão é o termo

Imaturo

Que amadurece o destino de quem se aprisiona

E não importa o tamanho

A prisão mata

A prisão renega o paraíso

Que é terno.

A prisão nega o juízo

A prisão desfaz o que já fez

A prisão mata.

O prisioneiro é o carrasco dele mesmo

O prisioneiro e seu carrasco aprisionado

O prisioneiro se mata

O visionário isola a si mesmo

O visionário e sua visão aprimorada

O visionário se isola

As grades ferem

Os olhos traem

As bocas calam

A mente fala

E refala

E sempre diz

Para não sermos os prisioneiros

De nós mesmos

Como os versos não são os prisioneiros da métrica.

Os versos não são prisioneiros deles mesmos.

A palavra está presa.

A frase está presa

“Entre-grades”

O verso está preso

Entre aspas

Não se aprisione

Entre agora

E o verso é prisioneiro

Da métrica agora

E a métrica mata e esfola

A idéia

E a métrica diz e rouba

O que se quer dizer

E as grades ferem

Os olhos traem

E as bocas falam

Falam mais do que tem para falar

Pois são prisioneiras delas mesmas

As burras palavras.

Com métrica e verso

E mais burras palavras.

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 02/01/2009
Código do texto: T1363918