SONG FOR A LOST SOUL
Quando os baluartes da esperança e os da certeza se desmoronam,
Seguem-nos também os fundamentos sólidos do diodo da Emoção.
O sol que até então iluminava o caminho,
Começa a se esmaecer, tresmalha-se de sua têmpera ígnea,
Sucumbe ao esfriamento e depois expira.
É como se subitamente eu descobrisse que o ar que respiro
Fosse venenoso. E destarte, sentisse impotente o oxigênio
Desabitar-me os pulmões e deserdar inexoravelmente
Cada átomo, cada nicho, cada escaninho do meu cérebro.
Não vislumbro mais o verão nem a primavera fazendo vicejar
Sobre o solo da minha consciência o entusiasmo contumaz
De quem sempre encontra razões para ter sede de viver a vida,
De querer que esta, a todo instante, vença e perenemente seja
O ponto de partida diante de qualquer falência.
Ao contrário, vivo sob o açoite constante do dantesco outono-Inverno:
O vórtice da sensaborosa incerteza sempre me vela á espreita,
Esperando cerrar definitivamente todas as gretas da liberdade
Que se me apareçam.
Não, os ardis que semeio em minha estufa não amam a Florescência. Sim, eles sempre morrem no estuário da concórdia
Antípoda, infensa.
Penso recalcitrantememte em me entregar á névoa Fantasmagórica, que a maioria das gentes teme:
Pois envolto nela não estaria em companhia obtusa;
Pois envolto nela não vivenciaria a dor em aquarela;
Pois envolto nela não seria o utópico sopro de um inócuo ser
Inerme.
Enfim, pois envolto nela eu seria tão-somente a abiogênese
Que incorpora os mágicos passos ligeiros da lebre!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA