Vida translúcida
Minha alma pusilânime
Tento externa-la
Ao escrever
Como um grito ruidoso
Uma risada intranqüila
Como um beijo numa estátua imóvel
Escrevo para tentar salvar minha própria e inebriante alma.
Mas viver é uma loucura que a morte faz?
Apraz-me contentamento
Não sei em qual página, mas escrevo!
Ante o último respirar
Vivam os mortos porque neles eternizamos a vida.
De repente nada mais faz sentido
Vida e morte se imbricam
Uns dizem que nascemos para morrer
Outros que começamos morrer ao nascer
Contudo satisfaço-me em ser.
Tu és?
O não sentido das coisas me faz mais benévolo
É certo como deve ser.
Hoje está um dia de nada
De chuva cair na vidraça
Sinto-me como uma régua que contém em suas divisões várias
Subs, intra, extras, multi, divisões
Ao acaso.
Enquanto o ocaso se torna intransponível.
Eu sou o ponto dos extremos.
Eu sempre fui e já não sou inteiramente mais.
Sou a contradição da minha figura quixotesca e ao mesmo tempo burguesa sem ideologias.
O dia corre a esmo lá fora, e em mim tudo é abismo e silêncio.