Vida translúcida

Minha alma pusilânime

Tento externa-la

Ao escrever

Como um grito ruidoso

Uma risada intranqüila

Como um beijo numa estátua imóvel

Escrevo para tentar salvar minha própria e inebriante alma.

Mas viver é uma loucura que a morte faz?

Apraz-me contentamento

Não sei em qual página, mas escrevo!

Ante o último respirar

Vivam os mortos porque neles eternizamos a vida.

De repente nada mais faz sentido

Vida e morte se imbricam

Uns dizem que nascemos para morrer

Outros que começamos morrer ao nascer

Contudo satisfaço-me em ser.

Tu és?

O não sentido das coisas me faz mais benévolo

É certo como deve ser.

Hoje está um dia de nada

De chuva cair na vidraça

Sinto-me como uma régua que contém em suas divisões várias

Subs, intra, extras, multi, divisões

Ao acaso.

Enquanto o ocaso se torna intransponível.

Eu sou o ponto dos extremos.

Eu sempre fui e já não sou inteiramente mais.

Sou a contradição da minha figura quixotesca e ao mesmo tempo burguesa sem ideologias.

O dia corre a esmo lá fora, e em mim tudo é abismo e silêncio.

duende
Enviado por duende em 30/12/2008
Código do texto: T1359831