ESCONDER SORRISOS EM PRANTOS...

Poderia ser devaneio, sonho, ilusão...

Tudo era possível, menos a morte

Vigorava um corpulento mastodonte

Vedando a passagem da glote

E eu ali, naquele estranho mundo

Pronto para o que desse e viesse!

Tanto fazia feira-livre ou filme mudo,

Praguejo de diabo ou prece de santo...

A coisa cotidiana perdera o sentido

Agora era guerrilha, bomba-parafuso

Cada um era per si, Deus por tudo

Tudo caminhando reto e eu, confuso

A cidade refletia um intrincado cenário

De um bem antigo filme de faroeste

Nas aparências aquela bela fachada,

Por detrás mesmo, nada que preste...

Eu, passageiro da cara agoniada

Trocando cheque em fila do banco

E um confronto feroz trocando bala

Tudo agindo por dentro, em solavanco...

Ninguém mais poderia fazer nada

Por este louco delírio tresloucado

A vida comum me fora arremessada

Neste imenso vácuo desbarrancado

“Uma alegria às vezes entristece

Razão pura também ensandece

Aturo emoções em turbilhões

Escondendo sorrisos em prantos...”