A minha ração
Alimento-me com as sobras
Com os restos que deixas escapar
Engulo tuas lágrimas derramadas
Como um suco gelado, amargo
Começo a me nutrir por saber
Que você vai jogar fora tuas angústias
Guardo o rebotalho de tuas rimas
Perdidas numa folha qualquer
Amassada numa gaveta mofada
Faço rimas de tua dor, de tua cor
Mastigo teu silêncio ensurdecedor
A ausência serve como aperitivo
Como um glutão vou sorvendo teu sorriso
Aquele que ninguém quis ou não viu
Alienada de tudo ao redor
Junto Restos de amores jogados e perdidos
Amaldiçoados e eternizados
Pela tinta que o escreve
E pela audácia de quem os publica.