Self Service

Self Service

Como podem servirem de mim

Um banquete para degustar

Olho-me no espelho já desgastado pelo tempo

Procuro retocar minha maquiagem

Encontro-me servido à mesa cercado por humanos famintos

Olhos esbugalhados espiam meu rosto

Não sei ao certo que mistura é essa que me escorre pela face

Entre cremes, temperos e petiscos, minha cabeça foi devorada por canibais

Servem-se de partes, lambuzam as mãos

Sinto o horror de ser comido por um senhor bem vestido

Enquanto um maltrapilho olha torto pela fresta da porta entreaberta, vejo sua boca salivar.

Vi meu corpo separado dos meus membros pela primeira vez

E tudo era reflexo do espelho trincado pelos ventos da imensidão da vida

Era um verdadeiro self service à moda antiga.

Fernando-aguilar@ig.com.br

duende
Enviado por duende em 22/12/2008
Código do texto: T1348581