Self Service
Self Service
Como podem servirem de mim
Um banquete para degustar
Olho-me no espelho já desgastado pelo tempo
Procuro retocar minha maquiagem
Encontro-me servido à mesa cercado por humanos famintos
Olhos esbugalhados espiam meu rosto
Não sei ao certo que mistura é essa que me escorre pela face
Entre cremes, temperos e petiscos, minha cabeça foi devorada por canibais
Servem-se de partes, lambuzam as mãos
Sinto o horror de ser comido por um senhor bem vestido
Enquanto um maltrapilho olha torto pela fresta da porta entreaberta, vejo sua boca salivar.
Vi meu corpo separado dos meus membros pela primeira vez
E tudo era reflexo do espelho trincado pelos ventos da imensidão da vida
Era um verdadeiro self service à moda antiga.
Fernando-aguilar@ig.com.br