HINO À DOR
Se os versos que a mim me aprazem tanto
Negassem meus momentos de estesia,
Se o meu alvitre achasse a dor no pranto,
Talvez eu fosse triste, eu sofreria...
Não gosto de chorar no cemitério,
Somente por amor eu tiro a venda.
Eu choro pela flor e pelo estéreo
Porvir e o esmaecer do firmamento.
E sob o teu condão, ó musa ingente,
Assanham-me amarguras, desalentos
Que a alma já varada em dor não sente.
Mas louvo o mel das noites solitárias
Que, em doces calafrios, malgrado o intento
De algum instante... empresto ao meu calvário.