A Menina na Estrada que Chorou Ouro
A menina chorou ouro
Olhando para o céus.
Um pássaro canta do
muro sabendo que suas
músicas sempre agradam os
grilos que dormem fatigados
de uma noite de maravilhosa
boêmia.
Espíritos vem do leste
chorar por ela entre as
árvores como o farfalhar
de folhas.
Sua alma vê o manto púrpura
que cai e começa a lhe desvendar.
Como uma rainha da primavera dourada,
faz dos espantos uma trilha.
Sua cabeça se guia pelo que sabe,
e o que não sabe, é para ela
um sopro benfazejo que lhe
atinge os cabelos ondulados e ensolarados.
Caminhando na estrada,
de tarde, suja e maltrapilha.
Sentindo em ordem ainda não
definida, a narina e a busseta
a doerem.
O pó e o pau comeram
naquela noite nua.
Sem sentir que seu coração
podia explodir, que era sozinha
e rolava como uma pedra pela vida.
Ansiando pela escuridão,
para chorar como uma criança
até dormir.
Pois seu cérebro arde no
silêncio das estradas.
Onde pedregulhos disseminados
pelos campos a observam,
lhe trazendo junto com sol
um profundo mal-estar.
Mas seus cabelos de sol
ainda brilham silênciosos
como a gema de ouro.