Vida sorrateira vida

Não mais que um palmo do chão

Segue o seu calcanhar

Em busca de abocanhar.

A vida pode estar perdida

Se o veneno logo se instalar

Pensa-se então: a vida foi ferida.

Quando um acha que se cansou

No percalço rastejante ataca

Faz nova vítima sorridente,

apenas em dois dentes.

A vida fria e escamosa

Segue em curvas seu caminho

Ophidia em vida

apenas guizos pós-mortem.

Só se alimenta

Do alimento que subtrai

A vida consome vida.

Lança o jato como escrita

Prepara o bote, salva vidas

Apenas aguarda,

Seria ela mais uma vítima?