OS ACASOS DO PRAZER
Aquela me chegou pelo traslado fortuito do acaso e seu olhar não me iludiu;
Nada que pudesse sinalizar o que se seguiu, passo inicial de uma investida;
Dizia-se mulher vivida, jogou comigo conforme a sedução lhe sugeriu;
Vítima indefesa, o poeta caiu – a noite foi longa, tudo menos dormida!
A outra apareceu muito incisiva e me dizia nunca esmorecer mediante o que se quer;
Julguei ser muito mais menina que mulher, porém jogou ainda mais habilidosa;
Avassaladora e indecorosa, lançou-se sobre mim e me aguçou até;
E o poeta, tão frágil que é, sucumbiu nova noitada ainda mais libidinosa!
Noites seguidas e prazeres somados – fato comum nesses dias modernos;
Nem precisariam acabar em versos, não é cena inaudita qual desabitada ilha;
O que ninguém desconfia eu também não via, naqueles momentos tão ternos;
Findar-se-ia um segredo como tantos encobertos, se não fossem mãe e filha!
"E que atire o primeiro pecado quem nunca apedrejou"