OS ACASOS DO PRAZER

Aquela me chegou pelo traslado fortuito do acaso e seu olhar não me iludiu;

Nada que pudesse sinalizar o que se seguiu, passo inicial de uma investida;

Dizia-se mulher vivida, jogou comigo conforme a sedução lhe sugeriu;

Vítima indefesa, o poeta caiu – a noite foi longa, tudo menos dormida!

A outra apareceu muito incisiva e me dizia nunca esmorecer mediante o que se quer;

Julguei ser muito mais menina que mulher, porém jogou ainda mais habilidosa;

Avassaladora e indecorosa, lançou-se sobre mim e me aguçou até;

E o poeta, tão frágil que é, sucumbiu nova noitada ainda mais libidinosa!

Noites seguidas e prazeres somados – fato comum nesses dias modernos;

Nem precisariam acabar em versos, não é cena inaudita qual desabitada ilha;

O que ninguém desconfia eu também não via, naqueles momentos tão ternos;

Findar-se-ia um segredo como tantos encobertos, se não fossem mãe e filha!

"E que atire o primeiro pecado quem nunca apedrejou"

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 04/12/2008
Reeditado em 04/12/2008
Código do texto: T1318306
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.