Estigmata
Ela é a sombra ao lado da gárgula
Observando diariamente a multidão...
...Que passa...
O que é desprezado habita seu coração
A alma repleta de mácula...
Assiste desde o princípio o sofrimento
Sem piedade, sem pena, indiferente...
... Isso também passa...
Vive e caminha em arrependimento
Das aflições e dores experiente...
Não se compadece mais pela dor alheia
Observa as lágrimas verterem friamente...
...As lágrimas passam...
Espírito andarilho que vagueia
Não tem consciência, apenas inconsciente...
Ela ouve sobre desgraças proferidas
De corações aflitos e angustiados...
... Passam...
Então, ela apenas alivia as feridas...
Não possuí a chave para os aprisionados...
Tentou sentir esse mal intensamente
Sentiu todos os males e superou todos...
...Passam...
Diante do mal é assim: indiferente...
Fujam do mal... Feitos loucos!
Ambicionou ser igual, e usufruir as bem-aventuranças...
Conheceu apenas um fragmento de todo vosso bem...
...Passou...Passa...
Acrescentou ao seu peito desgraça e desesperanças
Não viu um justo sequer... Ninguém!
Escondam-se, mas serão encontrados...
É vinda a sombra sobre a Terra
...Ela passa...
Não adianta: gritem, corram descontrolados...
Vosso fim vem, a luz se encerra!
Viveram perdidos em seus egos inflamados
Desprezaram a Luz que entre vós brilhou...
... A humanidade passa...
Não se percebem em si encarcerados
Vosso tempo terminou!
Há ainda um socorro para livrá-los...
A queda do estigma como espinho encravado
... Com a queda passa...
Livramento, vida e milagre...Invocai-os!
O estigma não pode ser apagado!
Ela não passa...
A sombra não passa...
São Paulo, 28 de Novembro de 2008