Antítese ambulante

Sou uma inconstante da vida

Uma antítese reprimida

Ao passo que desfaleço me ergo

E quando me desfaço eu faço

Com a sola dos pés presas a terra agarro as estrelas

Com o corpo inerte na cama vou à outra aldeia

E choro rindo

E rindo eu grito

Gritando, em silêncio fico

E digo

A verdade mentindo

Ora sinto calor, ora suo de frio

Sou puritana, sou cortesã

De um gesto

Vou do céu ao inferno

Queimo meu corpo com o alvo mel que escorre de minha boca

E ao dizer uma palavra

Eu calo

Volto a superfície do céu

Volto a vida

E sob os trajes fico nua

Mesmo tendo alguém ao lado, eu provoco

E invoco a libido ao meu redor

Na minha incoerência há coerência

No meu mundo encontro um universo

Encontro uma palavra e nela leio um texto

Leio a história na face da humanidade

- e não me encontro nessa sociedade

Quando me vêem pensam me ver por inteira

Mas se enganam

Pois enxergam somente a fachada

Cada ser de um ângulo diferente

Mas nenhum de todos os ângulos

Talvez

Nem eu mesma conheça

Todas as facetas

Do meu ser humano.

Acire Assis
Enviado por Acire Assis em 27/11/2008
Reeditado em 19/06/2009
Código do texto: T1306922
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