Antítese ambulante
Sou uma inconstante da vida
Uma antítese reprimida
Ao passo que desfaleço me ergo
E quando me desfaço eu faço
Com a sola dos pés presas a terra agarro as estrelas
Com o corpo inerte na cama vou à outra aldeia
E choro rindo
E rindo eu grito
Gritando, em silêncio fico
E digo
A verdade mentindo
Ora sinto calor, ora suo de frio
Sou puritana, sou cortesã
De um gesto
Vou do céu ao inferno
Queimo meu corpo com o alvo mel que escorre de minha boca
E ao dizer uma palavra
Eu calo
Volto a superfície do céu
Volto a vida
E sob os trajes fico nua
Mesmo tendo alguém ao lado, eu provoco
E invoco a libido ao meu redor
Na minha incoerência há coerência
No meu mundo encontro um universo
Encontro uma palavra e nela leio um texto
Leio a história na face da humanidade
- e não me encontro nessa sociedade
Quando me vêem pensam me ver por inteira
Mas se enganam
Pois enxergam somente a fachada
Cada ser de um ângulo diferente
Mas nenhum de todos os ângulos
Talvez
Nem eu mesma conheça
Todas as facetas
Do meu ser humano.