Eu?

Inculto e incauto: assim fico.

Cultura pra que,

se meus discursos e brados

morrem em ouvidos pequenos,

em mentes tão vazias quanto

uma tarde de domingo?

Cautela por que,

se meus berros ecoam pelas

infinitudes do nada, poucas

e rotas tentativas de enxergar

aquilo que se omite, tão óbvio?

A loucura! Por que temê-la?

Poetizo e profetizo, indômito,

e oro aos deuses sãos e vãos

que me grassem ao léu,

que me tornem santo,

que ceda aos seus caprichos.

E eis-me aqui, tolo, sacro e morto,

servo irascível da verdade.