VOLÚPIA
Tateio o vácuo
Antes algo profundo
Voz maviosa a envolver
Trouxe-me vida
Dupla vida!
Etéreo sangue na imensidão dos sonhos
Da busca
Pulsante vivo-presente
Real encanto
Risos e contentamentos
Trêmulas palavras fluindo
Terna voz que ouvi...
Sentir entre fibras arteriais
Reluz-ente nos labirintos auditivos
Ainda a ouço!
Percorre-me o corpo
E toma-me a alma
O âmago implode em palavras
Roucas, poucas, sem nexo
Extasiadas, devotas, enfeitiçadas
Vozes diletantes
Agora, tantas de eras
Todas clamando a voz ausente
Todas pulsando algo febril
Dilacerante e vivo
Pedindo relíquias guardadas
Sondando os apelos das faces
Os dedos entrelaçados das matas
O afago sôfrego dos colibris
Pulsando! Pulsando! Pulsando!
Vozes ontem, hoje e amanhã
Busca fadigada do que silenciou
Deixando ecos em Narciso insone
Vozes consumidoras vorazes
Em alegria insana e oculta
Por conhecer o canto do uirapuru
Que agora respiro
Algo entre a brisa e o sol
o orvalho e a noite
o sangue e a alma
Momento terno e fugaz
Imortalizado pela novidade
Invasão de esperanças
Felicidade!
Angústia!
Espera!
Paris, 2008