ANSEIOS DE UMA ALMA

Esse meu olhar,
A mirar um horizonte impreciso,
Essa alma ansiosa a vagar...
Ignorando o sobreaviso.

Esse inverno na primavera,
Vento que não leva os destroços,
Esse medo que se apodera,
Resistir? Não sei se posso.

Esse tempo a promover,
Fios brancos nos meus cabelos,
Essa inconstância de ser,
Muitos “eus”, sem desejar sê-los.

Ah! Essa bolha que não fura,
Não me lança no espaço,
Essa ingrata loucura,
Que não me toma em seus braços.

E onde estará você luz? Por que não vem,
Levar de mim esse breu?
Depositá-lo nas profundezas do além...
Ou até você mesma se perdeu?

Mas, tudo bem!
Vou fingir que nada aconteceu,
Seguir entre o entanto e o entretanto,
Secar da face todo o meu pranto,
E dizer às dores; amém.