De joelhos

Eis-me aqui...

Como um canto apenas adormecido

Palavras recém-nascidas na boca

Uma cor apenas sentida

Um vapor assim tão barato na pele

Uma luz que me chega óbvia

O calor ansiado e triste

A face desnuda, o sorriso contido

Eis-me aqui...

Como quem ousa uma prece

Como quem roga e não crê

Uma rosa de sete faces

Um fogo de mil perdões

Eis-me...

Chorando como quem ama

Correndo por caminhos descalços

Pisando flores mortas

e desatando pétalas vãs

Eis-me aqui...

Como um sereno frio

Um grito abafado

Ou um suspiro no escuro

Como uma folha em branco

rosa vazia

Como verso que se anula tímido

Como palavras que se contradizem

Como o que se perde, o que se esconde.

Transparente, insípida

Como água-ferida

Em sua graça malsã

Um sorriso benfazejo

Uma borboleta que se perde no asfalto

Como ferida, partes e retalhos

Como uma febre, um retrato ou um rabisco

Palavras, que de mais a mais,

se intimidam

e se viram do avesso, e voltam a si

Como, intangível e áspera, silencio.

Dani Santos
Enviado por Dani Santos em 18/11/2008
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