BACANTE FRINÉIA
Ah, doce e bela Frinéia ,
que auspiciosos são teus ventos
que me sopram as folhas tenras ,
quebrantando o recolhimento
que o inverno guardava
e a primavera seduz , desperta!
Venha oh, flor desnuda
a embriagar-se com meu sumo
e a embriagar-me com seu corpo
por meus campos já avinhados ,
sentir-se abraçada e banhada em licores,
Bacante Frinéia de Tespias !
Te farei sim , uma deusa ,
no pedestal de Afrodite ,
viva carne que nos atormenta ,
Pedra , intenso amor esculpido .
De ampelos , criei uma vinha
só pra te adornar em cachos , flores
e em rubros e doces frutos ,
teus lábios tenros ao meu desfrute.
Dá-me por coito teus braços
para que me enrosque , gavinha .
Sou mortal deus da vindima
em vicinal caminho por ti .
Dá-me em cálice tua boca hábil
a represar o mosto em vinho mudado,
mistura-o à saliva dos teus desejos ,
e aos beijos , enlouqueça um semi-deus ;
Fálico, ávido , hábil , mau !
SBC-SP - José Alberto Lopes.
14/12/2004