Quinquilharias
Remexo papéis a procura do nada. Rabisco o vazio tentando preencher o silêncio. Sinto e embrulho-me em papéis cartografados, em folhas avulsas de não saber. Não sei. Essa é a verdade. Não sou. Eterna tempestade. Pinto estrelas com as mãos. Com os pés, descalço os silêncios. Parece que estou cheia de ocasos. E deixo de doer. E minha primavera amorna as dores. Das minhas flores, nascem multidões entrincheiradas. Soldados robóticos a marchar e a pisar nos silêncios tristes, nas folhas soltas, nos acasos vagos. Em sua valsa lenta, bailam as dores. Perdidas e mascaradas. Vivas e seminuas. Viúvas mesquinhas, a velar uma dor que partiu. O vento que pariu a relva, descolorida, semi-árida. Desertos que me invadem. Deserta, sigo a cultivar meu jardim de silêncio e suas flores vazias.