Quando lhe restarem apenas memórias
Estranho demais ter que aceitar
assim, calado, revoltado, frustrado,
que cada segundo que passou
jamais voltará a passar.
Talvez até volte a passar
por sua mente que persiste
em lutar contra algo natural.
Aqueles que forem especiais,
que durarem muito mais que um segundo,
refletirão em cada outro segundo
que um dia por você irá passar.
E, ao encontrarem-no assim,
tão vulnerável a qualquer coisa
que se regenere dentro de você
Eles irão dilacerar-lhe a consciência,
enchê-lo de momentos que já se foram,
mas que riscaram sua alma tão profundamente
que você simplesmente já não conseguirá
viver os outros segundos que virão, senão
agarrado a cada segundo que passou,
senão preso ao passado que o condena,
mas que ao mesmo tempo o seduz
com momentos belos e raros, quentes e doces...
Logo então o horizonte se fechará à sua frente,
e nada mais irá lhe restar,
a não ser os segundos que se passaram
[e os que, debaixo de sete palmos, irão passar.
Edgar Martins – 12/11/2008