TRAVESSIAS...

Numa sinfonia do tempo que aqui solfeja

Pela melodia do vento que uiva e braceja

Lembranças de momentos que acalanta

Em que posso soltar meu canto e o pranto

Preso no fundo da garganta como lamento

Regado pelas lágrimas caladas e engolidas

Das madrugadas em noites mal dormidas

Quem não viveu dessas angústias sofridas?

Tristezas, sofrimentos, vazios... Depressões!

Esteve assim com a vida apenas por um fio?

Deu um salto sofrido e perdido no escuro

Vacilou feito andarilho numa encruzilhada

E atravessou o portal que leva à insanidade

Mergulhando nos labirintos da complexidade

Pensando introjetar em suas veias a eternidade

Isso foi ir além do efêmero e do simples trivial

Porque esnobou do óbvio e empunhou o punhal

Mal disse em sandices e praguejou mil tolices

Planando levitou bêbado nas curvas da lua

E de repente pousou sua nave no seio da rua

Numa tal de metamorfose de variadas fases

Próprias das travessias que nos assolam a mente

Ao nos dar conta das nossas fragilidades somente

Que podemos transformar em passageiros da agonia

Que a nossa hora chegará cruel e toda implacável

Como a certeza da morte repentina e insaciável

Que mais cedo... Mais tarde... Virá assanhada

Baterá à nossa porta sem aviso prévio... Então...

Para que tanto orgulho, vaidade, inveja e ódio?

Me entregue o teu riso... Que eu te dou o meu abraço!

Hildebrando Menezes

Nota: Dedico a todos os meus desafetos.

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 07/11/2008
Reeditado em 07/11/2008
Código do texto: T1270645