TRAVESSIAS...
Numa sinfonia do tempo que aqui solfeja
Pela melodia do vento que uiva e braceja
Lembranças de momentos que acalanta
Em que posso soltar meu canto e o pranto
Preso no fundo da garganta como lamento
Regado pelas lágrimas caladas e engolidas
Das madrugadas em noites mal dormidas
Quem não viveu dessas angústias sofridas?
Tristezas, sofrimentos, vazios... Depressões!
Esteve assim com a vida apenas por um fio?
Deu um salto sofrido e perdido no escuro
Vacilou feito andarilho numa encruzilhada
E atravessou o portal que leva à insanidade
Mergulhando nos labirintos da complexidade
Pensando introjetar em suas veias a eternidade
Isso foi ir além do efêmero e do simples trivial
Porque esnobou do óbvio e empunhou o punhal
Mal disse em sandices e praguejou mil tolices
Planando levitou bêbado nas curvas da lua
E de repente pousou sua nave no seio da rua
Numa tal de metamorfose de variadas fases
Próprias das travessias que nos assolam a mente
Ao nos dar conta das nossas fragilidades somente
Que podemos transformar em passageiros da agonia
Que a nossa hora chegará cruel e toda implacável
Como a certeza da morte repentina e insaciável
Que mais cedo... Mais tarde... Virá assanhada
Baterá à nossa porta sem aviso prévio... Então...
Para que tanto orgulho, vaidade, inveja e ódio?
Me entregue o teu riso... Que eu te dou o meu abraço!
Hildebrando Menezes
Nota: Dedico a todos os meus desafetos.