VERSOS TÓXICOS
Bebi uns versos que pareciam estar contaminados
E acabei me engasgando com versos metrificados,
Não tinha visto que eram decassílabos,
Depois não parei de tossir rimas forçadas
Fiquei com soluços depois por causa de umas palavras
Eruditas e escondidas do dicionário de português arcaico.
Hematopoiese! Hematopoesia?
A medula é uma poetisa?
Quanta bobagem!
Corre hemato no hepato!
Queria que seu fígado fosse só meu!
Mas não era o coração?
Alguns versos metrificados
Lesionaram meu fígado,
E agora estou com uma versorragia!
Outros versos ficaram boiando
No suco gástrico e acabaram encontrando
Algumas ilhotas de Langerhans no pâncreas pra descansar!
Como vou me curar?
Recomendaram-me uma solução de Poetrix 30%,
Dizem que é leve, desce suave e acaba com qualquer mal,
Inclusive intoxicação com rimas forçadas,
Alivia também contra o Lirismo Comedido e Lirismo bem comportado,
Como já mencionou o poeta Manuel Bandeira, afinal ele sabia bem como evitar
Esses males literários que nós estamos sujeitos a encontrar.
Depois de estar livre desses males,
Fumei um pouco de Modernismo
E bebi uns copos de um vinho de ótima safra dos tempos de Fernando Pessoa,
E me mantenho bem longe de certas misturas
Como Ultra-Romantismo com Parnasianismo.