Distúrbios De Uma Liberdade Reprimida

Enlouqueceria agora por pura conveniência

Faria coisas sem noção, sem medidas e sem arrependimentos

Viveria como se deve, sem medo e feliz

Daria gargalhadas no meio da rua atrapalhando o trânsito

Tomaria banho no chafariz da praça vestida pra festa

Faria discurso sobre Meio Ambiente do alto de um galho de árvore

Colaria nos postes da cidade uma declaração de amor assinada

Comeria com os pobres curaria suas feridas

Subiria nos morros, vestida de PAZ

Faria um abaixo assinado contra os hipócritas

Colocaria minha mão no fogo pela pureza de coração

Moraria em baixo da ponte pra sentir o olhar de desprezo das pessoas

Adotaria todas as crianças abandonadas

Ensinaria em praça pública o que não é feito nas escolas

Diria a quem interessar possa (...) que Amor não se compra

Bateria de frente com o inimigo e diria o quanto ele é insignificante

Escandalizaria os "moralistas" cheios de pudores

Enfim, cometeria os mais “loucos” atos...

Com certeza...

Seria colocada em camisa de forças

Dopariam meus sentidos sem pena

Tirariam minha lucidez inconseqüente

Seria jogada numa sala de paredes brancas

Monitorariam meus movimentos impulsivos

Controlariam minhas convulsões e espasmos

Vendariam meus olhos calariam minha voz

Raspariam minha cabeça impensante

Tentariam apagar os distúrbios da minha mente

Não me levariam a sério, me lavariam o cérebro

Impedem-me de ter amizade ou amores

Teriam nojo da minha pobreza exterior e medo do meu interior

Olhar-me-iam com muito desprezo e impiedade

Por que ser diferente incomoda

Por que fere os falsos e agride os puritanos princípios.

Flor de Laranjeira
Enviado por Flor de Laranjeira em 05/11/2008
Reeditado em 10/01/2010
Código do texto: T1267750
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