Distúrbios De Uma Liberdade Reprimida
Enlouqueceria agora por pura conveniência
Faria coisas sem noção, sem medidas e sem arrependimentos
Viveria como se deve, sem medo e feliz
Daria gargalhadas no meio da rua atrapalhando o trânsito
Tomaria banho no chafariz da praça vestida pra festa
Faria discurso sobre Meio Ambiente do alto de um galho de árvore
Colaria nos postes da cidade uma declaração de amor assinada
Comeria com os pobres curaria suas feridas
Subiria nos morros, vestida de PAZ
Faria um abaixo assinado contra os hipócritas
Colocaria minha mão no fogo pela pureza de coração
Moraria em baixo da ponte pra sentir o olhar de desprezo das pessoas
Adotaria todas as crianças abandonadas
Ensinaria em praça pública o que não é feito nas escolas
Diria a quem interessar possa (...) que Amor não se compra
Bateria de frente com o inimigo e diria o quanto ele é insignificante
Escandalizaria os "moralistas" cheios de pudores
Enfim, cometeria os mais “loucos” atos...
Com certeza...
Seria colocada em camisa de forças
Dopariam meus sentidos sem pena
Tirariam minha lucidez inconseqüente
Seria jogada numa sala de paredes brancas
Monitorariam meus movimentos impulsivos
Controlariam minhas convulsões e espasmos
Vendariam meus olhos calariam minha voz
Raspariam minha cabeça impensante
Tentariam apagar os distúrbios da minha mente
Não me levariam a sério, me lavariam o cérebro
Impedem-me de ter amizade ou amores
Teriam nojo da minha pobreza exterior e medo do meu interior
Olhar-me-iam com muito desprezo e impiedade
Por que ser diferente incomoda
Por que fere os falsos e agride os puritanos princípios.