O Circo

É hora de sair da chuva,

entrar no palco:

- O espetáculo começa!

Pintar o rosto,

vestir a máscara.

- O clown entra em cena.

Falsear o riso,

suspender o pranto:

- A platéia chega...

Fingir-se casca,

Superfície...

Resguardar a semente,

fugir-se, calar-se e sorrir-se.

Riso falso – fantasia – riso lata.

Cores. Maquiagem. Fuga.

Superficialidade.

- E o show se arrasta...

Prossegue doendo.

A vida se vai descortinando em cenas,

em brasas...

Ilustres cenas,

de ânsia e asco,

de falsidade...

Cena que enoja,

enjoa, irrita, amarga,

arrasa, se cansa.

- E a platéia passa,

se ri, se encanta!

- É casca, é pó.

- É mais máscara. É sombra.

Confunde-se com o artista...

O palhaço, em seu âmago, chora:

-É isso a vida?

-Vida-palco? Vida-ilusão?

Em seus devaneios, o palhaço treme...

- Ser fantoche dói...

As horas passam...

Arrastam-se, pontiagudas...

As luzes se apagam...

Cortina se fecha...

O palhaço, em seu alívio, foge...

Escapa desse submundo...

Volta para a vida...

E o espetáculo se encerra?

Dani Santos
Enviado por Dani Santos em 03/11/2008
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