VIROSE

40 graus... é o quanto meu corpo arde,

lá fora multidões trepidando feito chamas,

pessoas que trafegam além da sacada

e além dos sentidos.

Que meus olhos ardentes

percebem pálidos e profundos...

Há dualidade entre a febre que não passa

e o frio que transpiro...

são fomes que me invadem as entranhas,

a saciedade seria o controle da situação.

E a cabeça rodando em letras,

que buscam organizar este poema.

Que ordem?! Eu estou delirando!

Em meio à grande estufa que se tornou esta floresta,

de projéteis em focos de calamidades

cujos vórtices moribundos me atingem...

meu corpo responde gélido e fadigado.

Experimento as curas possíveis...

mas são 40 dias e 40 graus.

A cabeça lateja e queimo versos,

que não conseguem sobreviver

à temperatura de minha nova estação mental.

Cambaleante busco a cama,

e repouso as asas doloridas.

Nada me importa tanto, quanto a cura

de todas as letras que me afligem.

De evitar o início de todo rebento de dor,

que dilacera a vontade de criar.

No teto faço desenhos imaginários,

significantes e significados em dança turva...

Fechar os olhos é necessário,

respirar é difícil,

e viver

tem destas coisas...

Um átimo de dor,

intercalando outros tantos sentimentos,

átimos de loucura,

e cuidados de si mesmo.

Londres, 2008

Iva Tai
Enviado por Iva Tai em 29/10/2008
Reeditado em 29/10/2008
Código do texto: T1253876
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