Brooklyn
A vida é uma fruta sem caroço
que dá no Brooklyn.
E onde quer que ela vá,
leva consigo um pequeno amuleto,
uma cicatriz de quando era insana.
O vendo a uivar a estupidez humana
pensa em si como um alguém e
as vezes até chora escondido.
Oh, querida! Não me abandone assim!
O poço sem fim do medo das pessoas,
a vida sem direção pregada na janela,
a respiração ofegante do mago,
a pia da vizinha que sorri aos soluços e
a indigestão passageira de um dia fortuito,
tudo isto se respeita sabendo do odor
que corrompe as coisas.
Presença que chora aos socos.
E o cego a beira da calçada
se pergunta:
Por que?
Por que?
Fodam-se! Que se explodam
todos os deuses!
Que venha a modernidade
e traga dor e chuva de sapos!
Que venha o respeito!
Que venha a vingança
de um metafísico e tetraplégico!
Porque se perguntarem,
eu estarei aqui
sentado e lendo
um conto maluco
de alguém que matei.
Viva! Viva!!
O respeito que as pessoas
têm por mim e não deveriam ter.
Viva!! E fodam-se
como bichas telepáticas
em arco-íris cor-de-rosa
pelas brechas do coração!
Que venha a calma
e traga o tédio em sul de ser dor!
Que morram seus entes!
Que te provem a sua insignificância
e me deixe sofrer minha loucura
como quem não sabe o quanto
isto lhe faz mal.
Oh, minha princesa!
O que lhe fiz para me tratar assim?
Que seja! Que tenha!
Que caia do alto do edifício
a lógica sem pára-quedas
e se despedace em nuvens ocultas
da mente difusa
escalada longa
prisma honroso
boceta vulgar
A vida vai em vem
pelas ruas do Brooklyn!