Meus Olhos

Olho nos olhos de quem me vê rente ao espelho

não é tão facil decifrar aqueles anagramas

olhos escondidos, cobertos de mel

olhos tão doces nao deixam transparecer a realidade cruel.

Um rosto novo pouco feito pro pecado

mas errado, desequilibrado, é o que é.

uma voz calma, serena e tranquila

como agua do mar,

também arrepia.

por trás de toda serenidade

existe uma onde de calamidades

não a beleza sem crueldade

desconfie de toda serenidade.

uma bela canção pode guardar um grito horripilante

do mesmo modo que o canto das sereias

só quer atrair tripulantes.

não confie no meu rosto,

nao confie no meu toque

nao confie na minha voz

nem nas minhas mãos.

admito meu crime

confesso meu segredo

eu temo a mim mesma.

de tão perigosas que são minhas mãos

temo pelo meu pescoço anoite.

uma me acaricia,

a outra me sufoca.

não me olho no espelho

ver meus olhos é por demais perigoso

eles revelam quem eu sou

meu virus contagioso.

ao contempla-los,

brilhantes e maliciosos

quero gritar

e fingir que não sou.

tento tampar minha boca

não ouvir meu som.

O que os olhos pensam

a boca fala,

nao quero ouvi-lo falar,

isso me arrepia

me faz querer matar.

eles me instigam ao ódio

me instigam ao rancor

querem livrar-me de todo o bem

privar-me do amor.

Tenho medo dos meus olhos

tenho medo do horror

temo mais que tudo meu olhar,

porque ele diz quem sou.

Caroline Mello
Enviado por Caroline Mello em 18/10/2008
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