Meus Olhos
Olho nos olhos de quem me vê rente ao espelho
não é tão facil decifrar aqueles anagramas
olhos escondidos, cobertos de mel
olhos tão doces nao deixam transparecer a realidade cruel.
Um rosto novo pouco feito pro pecado
mas errado, desequilibrado, é o que é.
uma voz calma, serena e tranquila
como agua do mar,
também arrepia.
por trás de toda serenidade
existe uma onde de calamidades
não a beleza sem crueldade
desconfie de toda serenidade.
uma bela canção pode guardar um grito horripilante
do mesmo modo que o canto das sereias
só quer atrair tripulantes.
não confie no meu rosto,
nao confie no meu toque
nao confie na minha voz
nem nas minhas mãos.
admito meu crime
confesso meu segredo
eu temo a mim mesma.
de tão perigosas que são minhas mãos
temo pelo meu pescoço anoite.
uma me acaricia,
a outra me sufoca.
não me olho no espelho
ver meus olhos é por demais perigoso
eles revelam quem eu sou
meu virus contagioso.
ao contempla-los,
brilhantes e maliciosos
quero gritar
e fingir que não sou.
tento tampar minha boca
não ouvir meu som.
O que os olhos pensam
a boca fala,
nao quero ouvi-lo falar,
isso me arrepia
me faz querer matar.
eles me instigam ao ódio
me instigam ao rancor
querem livrar-me de todo o bem
privar-me do amor.
Tenho medo dos meus olhos
tenho medo do horror
temo mais que tudo meu olhar,
porque ele diz quem sou.