Língua Afiada

No atropelo, palavras.

No desmazelo, poemas.

No desvelo, oravas.

No teu zêlo, apenas.

No pecado, sorrias.

No perdoado, rezavas.

No sagrado, corrias.

No condenado, choravas.

E em atropelos e pecados,

eras uma palavra só.

Em desmazelos e pedaços,

nada eras, eras pó.

Em desvelos e segredos,

eras um tanto de tudo.

Que em teu zêlo, eras mêdo

e foi isso, que fêz-te mudo !