INDEFINITIVAMENTE


Sou areia nos olhos inimigos
Cegueira na visão do amante
Água de matar a sede
Veneno de onde se faz a fonte
Caminho que leva a algo
Alguma coisa que nunca chega de fato
Tato quando basta olfato
Cheiro espalhado pelo mato.
Canção que marca a vida
Esquecimento completo de tudo e todos.
Um acreditar que tem limite
E um sempre que espera ser quando.
Silêncio na noite insana
Ruído no dia rusguento da despedida.
Um pouco de tudo
E nada que mereça ser realmente dito.
Sussurro de fazer corar
Vergonha de aparecer sem aviso
Uma coisa que se faz sentida
Mas nunca evita a despedida
Sou como barco à deriva
E salva-vidas que nunca chega
Ilha deserta
Tempo de pão e goiabada
Queijo e caça-palavras
Sou tão eu mesma que até me amo
E tão pouco qualquer coisa
Que vivo de esquecer
Não valho a navalha
Nem a carne me vale a vida
Sou digna para que nunca me atrapalhes
E uma ferida enorme que te faz coçar a nuca.
Não tenho tempo
Porque sou a pressa
Não tenho pressa
Porque o tempo passa.
Sou uma louca desvairada
Pensando nas "zilhões" de vezes em que me fiz de otária.
Não quero ver amores passados
Não quero amar nada que seja presente
Sou escuridão e luz que se espalha
Broto de bambu
Casa de palha.
Não tenho senso
Nem sou boa em matemática.
Sigo a lógica da minha insensatez
Sou a viúva dos vadios
A diva dos homens incautos
Cato conchas e molho o mar com os meus pés
De olhar descalço.
Perco-me inteira num beijo
E me encontro sozinha no próprio abraço.
Sou a dúvida que traço
E a certeza que não reparas.
Sou.
E isso me custa os olhos da cara.
Por isso muitas vezes não enxergo
Por esta razão
Às vezes meu amor é cego.
Mas se sou assim
E não como deveria
É porque me cansa ser eu mesma
Todos os dias.
Iza Calbo
Enviado por Iza Calbo em 05/10/2008
Código do texto: T1213340
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