Falsa Falena

Atravessas a rua sem atropelos.

Inundaste a sargeta sem vida

com tua lágrima precária.

Na farmácia os remedios te olham.

"Quero viajar no teu sangue", parecem dizer.

Para que tu vivas morrem muitas noites

em tuas vestes desbotadas.

Trazes fraturas na alma e remorsos nos dentes.

A poeira culpada volteia e acaricia

as sombras que mancham o mar

em sua faina inútil.

E a falsa falena pousada na branca areia

e fina do teu ventre contempla os

escolhos que chegam ao litoral do teu

inalcançado corpo.