Os versos pularam o muro

Não é fácil viver em um mundo todo metálico

Saltitando de alegria em meio às tantas falsidades

Embalado pela ameaça atômica e suas atrocidades

Só com os nossos sonhos acalentando a igualdade

Numa simétrica fragilidade insana de seus átomos

Deslumbrantes e macabros à espera de uma jugular

Constantemente dissonantes sedentos como vampiros

Somente a morte nos garante a própria sorte no espirro

Num lugar onde o céu não é escasso desde o sul ao norte

Onde a esperança vence todas as dores e cansaços

E as palavras ressoantes soam como abraços

Não desfaz os frágeis laços humanos e seus traços

Engolidos, vilipendiados, jogados como bagaços

Onde todos os anos o mesmo ritual é encenado

No especial do 'fantástico' para uma platéia hipnotizada

Resume-se ali o ônus que o ânus levou no ano vencido

Dos andarilhos mal lavados, vítimas da própria miséria

Pagam por sobreviverem nesse mundo mal e perverso

E aqui, os Grandes por valer-se de seus domínios

Achincalham e cospem como hienas as suas mentiras

Sempre pelas ondas do rádio de uma caluniosa emissora

Não se submetem ao cheiro fétido de suas próprias almas

Da miséria encarniçada, parida, produzida e alimentada

Em programações maldosas nas caladas das madrugadas

Ah! Quantas tristezas vêem ali sendo ofertada aos inocentes

Pela lei do mercado poético... Explorador do mais fraco...

Onde até o amor é objeto apenas simbólico e metálico!

No vai e vêm constantes das reles e malditas hipocrisias

Num mundo de metas inválidas... Falta lugar para os poetas

Imagina-se que até Deus se envergonhe pelos seus profetas.

Dueto: Elisa & Hilde

Inspirado no poema ‘O verso que saltou do onírico’ da Elisa Matos Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 24/09/2008
Reeditado em 24/09/2008
Código do texto: T1194846