O corpo e a mente

Dois olhos inquietos, mas semicerrados,

Se aliam a dois ouvidos, desesperados,

Em busca de um sinal.

Quer seja um sonho ou uma tentação infernal,

Tenho que saber onde e como acaba.

Teimosa mente, coisa brava,

Não me deixa descansar.

Me recrimina quando sossego um segundo,

Como se fosse acabar o mundo,

Se eu não escrever o que ela ditar.

Os dedos frios tremem,

A carne, já está cansada...

Mas a mente, não liga pra nada.

Está satisfeita em trabalhar.

Recebeu a visita da musa, mas sou eu que pagarei.

A manhã que chega, vem com a certeza:

Sim, trabalharei...

Enquanto a desgraçada, descansa.

Quem não a conhece tão bem,

A imagina mansa,

Não uma artista histérica a gritar.

O fato é que corpo e mente não se entendem.

Ela não quer parar, ele está exausto.

Ela adormece enquanto ele cameleia.

Enquanto ele lida, ela permanece alheia.

Corpo e mente, unidos mas a se afastar.

Talvez seja minha culpa, afinal

Essa rivalidade descarada e evidente

De dia zomba o corpo e a noite se cobra a mente,

E no meio desta luta, estou eu a me arrebentar.

Como ser duas, se sou uma só?

Quero gritar, desfazer-me em pó,

Se isso servir pra discussão acabar.

É coisa de louco, de insano, de tampinha,

Uma vida como a minha!

Unida e dividida,

Entre o corpo e a mente

Que nunca param de brigar!

Nem por um segundo fazem as fazem as pazes

E nem pensam em se reconciliar.

Zannah
Enviado por Zannah em 23/09/2008
Reeditado em 24/09/2008
Código do texto: T1193511
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