RESPOSTA ALCOÓLICA

Em 14 de setembro deste ano 2008, por volta

das 13: 09, Poeta Galega pergunta: «... será por falta

de álcool?» no fim do seu comentário ao texto, meu,

«Conselho ou Poção» (lê, se for do teu agrado,

leitora ou leitor amáveis).

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Tenho de responder (manda-o a cortesia)

que não se precisa

álcool para fruir visão lírica,

mais ou menos lúdica, mais ou menos esclarecida,

a se alar pelos trilhos nevoentos

das imagens devaneadoras...

Serão os dedos doces, úmidos e lânguidos

das nuvens, os que suscitem

em nós milagres e sonhos e lendas

revolvidos na roda inquieta

das horas, dos dias, dos anos.

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Porém, se bem o penso, um chisquinho de álcool,

talvez de aguardente d’ervas, ourensano,

me ajudasse a acrescentar a lucidez

escassa em que me acho...

Ou mesmo licor café, denso e melífluo,

da Terra da Chispa fosse grato

e feliz substituto dos dedos

das nuvens... Talvez tanto

tenha esvoaçar,

como pássaro

astronauta entre os meteoros

celestes, quanto

beber um copinho de álcool e, a seguir,

cantar salmos

à fragrância dos perfumes

por sobre os corpos virgens derramados;

aos lírios que ninguém

semeia no campo;

às maçãs cor-de-rosa

como seios suaves, e aos rebanhos

de anhos tímidos

(que no "Cântico dos Cânticos",

Salomão, ou quem for, compara

com os dentes brancos

da esposa requerida), os quais, depois do banho,

descem até à morada

onde habita o amor encontrado

de Afrodite e Hefesto e Ares, em descontraída

colusão de divinais regaços...

O álcool também pode induzir

a cantar às pombas, claras e mimosas,

sorridentes como a brisa que, acarinhando

as tristuras, as torna em gazelas de fonte

fresca e cristalina... Ou acaso

às açucenas do jardim das nogueiras, e à vinha,

que graciosa cresce caracolada nos futuros doces

e verdes, e aos trigos germinados em monte

que recebe abraços

de seios ondulados e suaves,

a imitar femininos e nus corpos desejados...

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Ah, os efeitos do álcool que o Povo ainda produz,

à margem das “diretivas” da União Europeia!! Sim,

bebamos e veremos sobre as nuvens estrelas e amores!