Horas («Sol poente»)
Canta Florbela, minha poeta junto de Rosália:
«Horas que têm a cor dos olhos teus...
»Horas evocadoras de outras horas ...»
E essa é a memória dos tempos idos
que, plantados ou chantados nos neurônios,
apenas põe cores aos olhos confusamente evocados...
Nunca toma o tom da cor certa,
sempre da reformada e conformada
por formas mais formosas ou não...
Mas, piedosa, coloca flores sobre os sonhos
perdidos e ilumina com sóis renovados os tempos
que, sons de sinos fantásticos, inclinam
a cabeça ao machado de carrasco silencioso...