À noite e o dia (quatro escritos agridoces)

À noite e o dia (quatro escritos agridoces)

I

Tudo começa ai!

Tudo nasce ai!

Tudo morre ai!

No véu da noite

Tudo começa e tudo se finda.

A prostituta dama das avarezas

Encanta suas vitimas com seu canto de sereia

E as conduz para o fundo âmago de seu leito

Onde se sacia com o sabor divinal da carne.

Na noite tudo começa e tudo se finda.

II

No despertar dos primeiros raios do dia,

Gritos são disparados.

E o vazio toma conta das coisas,

Pois o manto da noite foi brutalmente

Arrancado da epiderme das coisas.

Anjos e demônios foram queimados

As flores e os colibris foram queimados

Os poetas e seus poemas foram queimados

Papeis e as canetas foram queimadas

A paz e a guerra foram queimadas

Tudo foi queimado, inclusive esta poesia!

Com o despertar do dia.

III

Os cães, os gatos e os ratos

Despertam com o nascer da noite.

As putas, os bêbados, e os drogados

Sentem-se bem com a noite.

Os vaga-lumes e as corujas

Brincam e comem na noite.

Flores dormem na noite, mas nem todas.

Mata-se na noite, mas também se nasce.

Ri e chora-se na noite, também.

Na noite é se também feliz, mas cala-se também.

Só falta na noite algo que não se dela

Como um dente de ouro.

IV

Neste dia de profundas palavras emotivas borboleteia o peito

Sinto uma saudade imensa de gritar

Para que muitos escutem o quanto o dia é um saco!

E eu uma completa idiota!

Vestindo azul-rosa-metálica com um chapéu de palha

Enfeitado com flores de sol.

Sentada a beira da calçada esperando a noite chegar.

ANNA VOEGG

Belém 31-08-08

Escritos cotidiano para MARY DOM (cartas nunca lidas)

augustopoeta
Enviado por augustopoeta em 31/08/2008
Código do texto: T1155172