poesia morta

hoje eu só

vejo poesias mortas,

reticências espalhadas no chão

trovas nuncas cantadas

e assobiadas nos canteiros de obras

aonde não existe flor.

hoje só me servem as poesias mortas

pois as vivas

ainda me doem por dentro

latejam indesculpavelmente

latejam e martelam a

culpa de abandoná-las

em evasão

como evaporao perfume

como a sublimação do gelo

como mágica diária do

desaparecimento

só as poesis mortas

ressucitam o que resta da vida,

nas veredas das esquinas,

no canto dos olhos das meninas,

no flash amarelado da fotografia,

na voz rouca e macia

que ecoa no vento

e nos chama para amar.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 13/08/2008
Código do texto: T1126491
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.