poesia morta
hoje eu só
vejo poesias mortas,
reticências espalhadas no chão
trovas nuncas cantadas
e assobiadas nos canteiros de obras
aonde não existe flor.
hoje só me servem as poesias mortas
pois as vivas
ainda me doem por dentro
latejam indesculpavelmente
latejam e martelam a
culpa de abandoná-las
em evasão
como evaporao perfume
como a sublimação do gelo
como mágica diária do
desaparecimento
só as poesis mortas
ressucitam o que resta da vida,
nas veredas das esquinas,
no canto dos olhos das meninas,
no flash amarelado da fotografia,
na voz rouca e macia
que ecoa no vento
e nos chama para amar.