Embaraço de Pernas
Embaraço de pernas
Nosso copular
Subtrai roupas
Destrona Reis e Rainhas
Acrescenta larvas
Quando enfurecido erupciona...
Assim não há casa
Canto, quarto, ou lugar.
Dá-se na rua, ou na luz da lua,
Feito gatos,
Onde o amor nos quedar.
E dia e noite como errantes
Somos pernas entrelaçadas
Corpos enroscados
Lancinantes
Nossa mistura é tanta
Que a nós mesmo confundimos
Embaraçamos as almas
E já não nos distinguimos.
Você não se sabe eu
E eu já não me sei você
Acumulamo-nos em sumos
E aos extremos nos tocamos
Nos bebemos, água doce.
E nunca de nós nos afastamos.
Lençóis alcovas sofás
Tapetes, cetins e redes.
Não há para nós um lugar
O melhor lugar para o amor
É o amar, um no outro saciando as sedes.
Nesse amor não cabe luxo, só poesia.
Nosso sexo é versado, poético,
Literário, literal
Amamos cantando, entre versos, pernas e poemas.
Com nossas janelas abertas ao sereno
Permitindo nossos olhos e a lua
Amor em três amor a três, amor na rua.
Amamos visceralmente
Paraíso e perdição
Corpos em total abandono
Amor pretendido, amor permanente.
Sem nomes, sem rumo, sem dono.