A Esmola do Vício

É critério e a solidão serve

aos mistérios de quem prefere

Coibir os belos encantos

a renascer de copiosos prantos

Desencontrado de tantos amores

Inebriado de tristeza e desilusão

Nos seus pecados e horrores

o copo foi amigo e compaixão

A vida tomada de traças:

cicatrizes, terríveis desgraças!

Sufocou, uma a uma, a alegria

Matou a felicidade de cada dia

A sujeira disfarça a face triste

do homem nesse chão imundo

Em seu íntimo grita toda crise

das feridas desse corpo moribundo

Desapegado de seus credos

Doou a sorte ao grande vício

Agora deitado em seus dejetos

esmola o seu único princípio

A moeda enfim chega, consola,

levanta o trapo na mesma hora

Segue o trajeto que conhece:

o bar, onde fará sua prece!