loucura

Loucura

É quando acaba o chão

e começa o céu

E, agora você flutua

inexplicavelmente

Loucura

É o imaginário do imaginário.

A purpurina guardada em armário.

A gaveta vazia a conter desejos

esquecidos ao lado dos lenços,

as esperanças arquivadas no vão da

escada

Loucura

É o requisito

número um:

Para eu ser quem eu quiser,

Para eu desistir sem culpa

Para eu abandonar sem medo

Para eu virar a página do livro

com a certeza inexorável

e, irresponsável

de que tudo mudou.

Loucura

Defini-la é confiná-la

a palavras, a gestos e

aos padrões

que escravizam racionalidades,

que enfeitam vaidades

que se vangloriam inutilmente

De ter vivido,

De ter sofrido

E, sobretudo, de ter calado.

Tudo que engulo e nem

passa pela goela, vai direto

para alma, como veneno,

como gás asfixiante

E, de repente, um grito

Nos liberta da agonia.

Quebrar louças ruidosamente,

nos liberta da embulia,

Rasgar versos profanos ou confessos,

atear fogo às vestes,

Encolher o ventre e,

se recusar à vida

Num escafandro gigante

Sem oxigênio.

Sem inteligência.

Sem luz e, nem decência.

Loucura é uma caverna profunda

Explorada e inexplorada.

É, conhecer um outro eu,

que nos antecede e

nos antecipa

Comemora nossa ansiedade ou torpeza.

Vigia teu sono e, lhe enfurece

pela simples razão

de estar vivo.

Para o louco a morte é nada,

Não é fim, não é recomeço.

Não é ponto final e, nem vírgula.

Um novo parágrafo sem alinhamento.

A morte é o sinal trânsito fechado

para novas emoções.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 06/07/2008
Código do texto: T1067938
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