loucura
Loucura
É quando acaba o chão
e começa o céu
E, agora você flutua
inexplicavelmente
Loucura
É o imaginário do imaginário.
A purpurina guardada em armário.
A gaveta vazia a conter desejos
esquecidos ao lado dos lenços,
as esperanças arquivadas no vão da
escada
Loucura
É o requisito
número um:
Para eu ser quem eu quiser,
Para eu desistir sem culpa
Para eu abandonar sem medo
Para eu virar a página do livro
com a certeza inexorável
e, irresponsável
de que tudo mudou.
Loucura
Defini-la é confiná-la
a palavras, a gestos e
aos padrões
que escravizam racionalidades,
que enfeitam vaidades
que se vangloriam inutilmente
De ter vivido,
De ter sofrido
E, sobretudo, de ter calado.
Tudo que engulo e nem
passa pela goela, vai direto
para alma, como veneno,
como gás asfixiante
E, de repente, um grito
Nos liberta da agonia.
Quebrar louças ruidosamente,
nos liberta da embulia,
Rasgar versos profanos ou confessos,
atear fogo às vestes,
Encolher o ventre e,
se recusar à vida
Num escafandro gigante
Sem oxigênio.
Sem inteligência.
Sem luz e, nem decência.
Loucura é uma caverna profunda
Explorada e inexplorada.
É, conhecer um outro eu,
que nos antecede e
nos antecipa
Comemora nossa ansiedade ou torpeza.
Vigia teu sono e, lhe enfurece
pela simples razão
de estar vivo.
Para o louco a morte é nada,
Não é fim, não é recomeço.
Não é ponto final e, nem vírgula.
Um novo parágrafo sem alinhamento.
A morte é o sinal trânsito fechado
para novas emoções.