trégua

dá-me trégua

pois não posso mais brigar

dá-me trégua

minhas crenças

são doenças a se espalhar

por todo por meu corpo,

por toda minha alma

a infectar o silêncio,

as palavras e os gestos.

dá-me trégua,

meus olhos pedintes

são contas secretas de

um colar rompido.

dá-me trégua

hoje não posso falar,

não posso matar minha sede,

não posso ver o sol e

receber essa luz

por viver assim em absoluta

treva.

dá-me trégua,

esqueça-me em algum canto

da casa,

em alguma aresta aberta.

em flanco de guerra.

Deixe-me dormir nas trincheiras

Deixe-me guilhotinar os dépostas e

os loucos.

E, quando cerrar a janela,

terá cessado o estorvo

de estar vivo e

estar aqui.

Dá-me trégua

só tenho pulsos cortados,

sangue roto

e, o rosto molhado

de lágrimas.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 05/07/2008
Código do texto: T1066534
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