Loucura em fogo brando
Não tocou fogo ou cêra
Enquanto rezavam pálidos seus anjos
Enquanto beijavam bocas mal lavadas
E a espuma transcorria, lívida...
Ah, que daquele beijo quis provar!
Quis! Não quis! Quis!
De não querer jurei mentir
E se menti foi sem querer
É que teus olhos, tão sinceros
Causam-me o arrepio dos cegos
A felicidade dos brandos
A poesia muda, a surda música.
Foi nos teus braços que morreu
Toda a vontade?
Foi no teu seio que chorou o Homem?
É tua culpa o mundo ser assim
Sem direção?
Tu és a razão de todo ódio escondido
De toda mágoa
Todo mistério?
Não... Retumba a esperança
Vibra ainda em cordas mediúnicas
Aquela voz! Que serpenteia
Entre versos, entre mares
As ondas que vêm e vão
As palavras... arredondadas...
As curvas, as elipses
Os eclipses
As mudas de rosas sem flor.