DESCAMINHOS

Caminhos estreitos me rondam,
Acompanhados pelo breu,
Anjos tortos me espreitam,
Acho que um deles sou eu.

A inquietude me desfolha,
Me deixa apavorado,
Ante o espelho que me olha,
Uma lágrima gélida molha,
Meu rosto cansado.

Passado alguns instantes,
Como um delírio de escritor,
Expondo a sua dor,
Sorrio da imagem em minha frente,
Gritos soam cortantes,
Cacos de vidro, cacos de gente;

Com um sonho sem pernas,
Mãos estendidas, talvez a implorar,
Palavras suaves, eternas,
Um alguém para amar...

Descaminhos me trazem,
Pleno desconforto,
Vontade nua que vem,
De invadir aquele porto,
Pegar o barco que zarpa para o além.