somente talvez

Talvez eu nunca seja a princesa

Que sonhe com o encantamento

de príncipe

Talvez eu nunca seja a dama

vestida de espartilho e

com doçura dos olhos

E gestos

Talvez eu nunca tenha talento

para sobreviver à eterna

finitude da vida.

Talvez essa porta se abra

E, se abram

também os caminhos,

as estradas.

E, o sol ilumine meu caminho

Com uma tocha

erguida por braços embrutecidos

pela estória ou

pela estiva.

Talvez amanhã quando

surgir no horizonte

a nesga de luz a perfurar

as nuvens,

a irradiar calor e cores

me traga a certeza do paradoxo.

Da dubiedade secreta dos olhares,

da inclinação visceral dos suicidas,

da agressividade das ogivas emocionais,

Talvez perceba afinal, a dinâmica do afeto.

Mas eu, o quero estático,

o quero esculpido,

em cristal líquido.

Dissolvido

por lágrimas invisíveis.

Talvez nas certezas diárias

compostas

de mutações genéticas e metabólicas,

Talvez,

eu descubra a essência imutável,

a tabula rasa,

o cenário fundamental

que infecta

as retinas, os gestos e

os estilos delineados

na arquitetura

dos templos, dos cemitérios,

das escolas

e, da civilização.

Talvez tudo não passe

de hipótese.

O poema é hipótese.

O dilema é hipótese.

Mas o amor é tese.

A solidão é síntese.

A loucura é sintese.

Nos veremos, novamente

na dialética do amanhã.

Na metafísica do horizonte.

No paradigma humano de existir.

Talvez, e somente talvez.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 25/06/2008
Código do texto: T1050229
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