Despido e rouco
Quero estar aqui... despido de tudo
Não só das vestes da pele...sobretudo...
Das máscaras e dos pecados do mundo
Que acumulei entregue aos devaneios
Vivendo os sonhos mais loucos, sem freios!
Solto, voando alucinado...meio descontrolado...
Das palmas de minhas mãos à minha alma
Irreverente, rebelde, carente e demente
Frágil como uma pombinha...insinuante...
Me pondo nu a todo instante...constante
Sem defesas e as armaduras dos guerreiros
Impudico, selvagem, agreste, sorrateiro...
Diante das mazelas e das belas donzelas
Sem medos e metendo a cara...
Ao tapa... ao beijo... ao escárnio
Sem fugir das próprias falsidades...
Ou fugaz tolice de se achar ‘o tal’
Mesmo nas tarefas com o avental
Livre para rir muito de si mesmo...
Se mostrar por inteiro. Tolo e volúvel.
Pleno. Errante. Divagante. Perdido...
Sem artifícios a maquiar os defeitos.
Acredite...no meio de tantas mentiras...
Mostrar-se ser imperfeito... como o sou...
Espelhar a imagem real... sem artifícios
E confessar que pareço até meio puro.
Ao deparar comigo mesmo...no escuro!
No grito desesperado...esbagaçado...
Desligado da realidade...fatigado!
Com o interruptor do eu desligado
Na frustração vazia do quarto solitário
Nas angústias, omissões e inações.
Inábil. Ignóbil. Inerte. Ingênuo...
Desprezível. Reles. Inconseqüente
Palhaço sem um palco...sem os risos.
Enganador das dores e dos horrores.
Amante platônico de mil amores...
Que agora se vê frente a frente
Cúmplice dos afetos sonegados...
Orgulhoso que não se corrige.
Mendigo das migalhas de atenções
Chorando...rebobinando saudades...
Cuja única virtude é crer e querer
Viver como apaixonauta do amor...
Para isso me visto...acendo a luz...
E vou novamente à luta!
Hildebrando Menezes