MEIA VERDADE OU MENTIRA
Às perguntas sobre minha saúde
Responderei como mestre Noel
Quero deixem dentro do ataúde
Canetas e muitas folhas de papel
Felizmente, nasci com este dom...
De poder livremente versejar...
Faço o que é ruim ficar bom...
Ou um castelo desmoronar...
Uma mentira vou revelar...
Tome-a como meia verdade...
Assim é melhor para especular
Assunto para falar à vontade...
Fica-me o beneficio da dúvida
Direito de todo réu acusado
Saiba... Não me sinto em dívida
Se um dia vier a ser condenado
Prego uma peça ou revelo segredo?
Sei não merecer nenhuma confiança...
Entretanto não carrego mais o medo
Meia idade dá um pouco de segurança
Meia mentira, guardará silente...
Ou poderá passar por mentirosa
Maior mal, mais rude sobreveio?
Esteja já em fase de despedida?...
A paixão é teimosa, coisa latente...
Quem eu amo? Fique curiosa...
Aquieto-me, embora sem haver receio
A temer no meu resíduo de vida...
O que vivi já monta uma história...
Simples, mas dá uma biografia...
Não terá momentos de glória...
Entretanto mais que descrição fria
Um mês ou dezenas de anos?
Aumenta ponto quem faz fofoca...
São criativos os seres humanos!!!
Conhecerei Madri, Paris e Itapipoca...
Quando será o fatal momento?...
Estou bem, garante a aparência...
A amada sempre no pensamento
Enquanto tiver mínima consciência...
Quando será que o poeta mente?
O tempo, sábio e perene, revelará...
Fique a questão se estou doente...
Certeza? Meu amor por ela...
Sobreviverá...