Nervo Ciático, o Desgraçado
Me pegou de surpresa, o infeliz,
um dia andava… no outro? Nem quis.
No banheiro, uma nova posição:
sentado no vaso em contemplação.
De pé? Nem escovar os dentes.
Parecia cena de filme dos doentes.
Treinar? Só na teoria,
na prática, era tragédia e agonia.
Cada pós-treino, um atropelamento,
tipo: “Parabéns! Eis teu sofrimento!”
E a mente? Ah, essa não perdoa,
acelera mais que carro na ladeira à toa.
Não dorme, não para, não tem compaixão,
transforma insônia em meditação.
Enquanto o nervo grita lá da lombar,
minha perna implora pra eu amputar.
Na facul, um olhar torto me bastava
pra quase xingar até quem me abraçava.
Só queria um canto pra me esticar,
e ver se a dor, por milagre, ia passar.
Mas não…
Esse desgraçado é persistente,
tipo dívida no cartão: indecente.
Só me resta rir, porque se eu chorar,
Ele vai doer e me fazer gritar.