Mão Dividida

Como poeta que sou, vou aqui analisar

Sem que tenha intenção da justiça zombar

Nem tão pouco ser mais cómico

Que o autor desse quesito

 

Que me perdoe o Magistrado

E seus assessores também

Mas agindo dessa maneira

Para esse caso de “ausência ”

Quero simplesmente trazer

O meu modo de assistência

 

Diante da pergunta acadêmica

Vamos analisar com humor

Causa provável do diagnóstico?

Congénita, degenerativa, hereditária ou adquirida,

É isso que querem saber

 

Causa congênita, mas que ideia genial,

Desde o nascimento, já seria fatal.

Nesta história de amputação, nem na era espacial

Pois a mão foi dividida, e disso ninguém duvida

 

Degenerativa, que possibilidade intrigante

Pois nesse contexto, seria desafiante.

A mão não se desfez gradualmente, que drama !

Então, essa causa, não passa de trama.

 

Hereditária ? Isso seria uma surpresa,

Passar a amputação de mão como herança

Se não há gene da amputação, que coisa maluca!

Deixem os genes fora dessa, nisso não há culpa!

 

Adquirida? Eis a hipótese que se ilumina

Por um acidente, a mão foi embora, que sina.

A resposta é simples, não é misteriosa

Foi acidentária, a causa mais gloriosa!

 

Inerente à faixa etária? Jamais faria sentido!

Pois perder a mão por idade, nem mesmo sendo bandido

Idiopática, um mistério sem razão aparente

Mas o acidente, é o caminho coerente.

 

Então, concluímos com um sorriso na boca

Que a resposta é clara, sem uma grande troca.

Foi acidentária, não há mais o que inventar

Nesse enigma bobo, a verdade vem brilhar

 

E podem ter certeza

Se ao cavalo perguntarem

Ou ao boi que foi laçado

Todos eles saberiam

 

Que a causa foi acidentária

E agindo dessa maneira

Já estariam se livrando

De ter que enfrentar a justiça

Serem tachados cúmplices

E morrer numa cadeia

 

(Sendo Perito Médico da Justiça Federal, fiz uma perícia num caso de um vaqueiro que amputou a mão ao laçar um boi enquanto a corda estava em volta do seu antebraço.

O poema é a resposta a um dos quesitos formulados pelo advogado do autor que foi.

Causa provável do diagnóstico (congênita, degenerativa, hereditária, adquirida, inerente à faixa etária, idiopática, acidentaria etc.?)