Sem letra lenta
Eu não pedi pra sofrer
Também já cansei de doer
Eu não quero ser pancadaria
Eu também sei ser humana
Eu não quero reclamar da dor
Mas também não quero mendigar amor
Já cansei de acordar sem acordar
Também já não quero ser careta
Nem carreta, talvez correnteza
Já cansei de remar sem rumo
Mas também não quero parecer muda
Eu não quero ser a salvadora
Mas também já procurei amor
Nas letrinhas da sopa aguada
Eu não quero ser ingrata
Mas queria ser a gata do meu velho e descascado espelho
Uma alma dentro da outra alma
Eu quero ser ostra
Espuma escorre e borra meu soluço
Mas já cansei de quero-não-quero
Suei a camisa
Machuquei o joelho
Lasquei sem querer o cantinho da cabeça
Só pra ler por entre as rugas de massinhas
A sorte de um futuro
Que nada promete