Eu brigamos

Ando falando sozinho,

Ou seja, comigo mesmo.

Às vezes quando caminho

Digo palavras a esmo.

Às vezes paro um pouquinho,

Eu bebo e como torresmo...

Dá vontade de ir no quartinho.

Inútil! me dá tenesmo.

Eu paro então a conversa,

Aumento a concentração.

Mas ele só tergiversa

Parece uma obsessão.

Que atitude perversa!

Que danada constipação!

Que situação adversa!

Coisa sem continuação.

Desisto do meu intento

E retorno a caminhar.

Mas também não me lamento,

Logo volto a conversar.

É quando nesse momento,

Nós começamos a brigar.

Não sei o porquê, nem tento

O motivo identificar.

Só lembro algo que eu disse

E que eu mesmo não gostei.

Parece esquisitice,

Ou outra coisa, eu não sei.

Você pensou em doidice?

Eu juro que eu não pensei.

Mas eu sei que é maluquice.

Garanto que eu não endoidei.

Depois dessa nossa briga,

Nunca mais falei comigo.

Não sei quem fez a intriga,

Talvez foi algum inimigo,

Pois só gente assim instiga

E nos coloca em perigo.

Desejo-lhe dor de barriga.

Isso merece castigo.

Mas sinto falta de mim,

Dos nossos papos loquazes,

Agora estou triste sim.

Mas acho que isto são fases.

Portanto logo vai ter fim,

Porque são eventos fugazes.

Nós seremos só eu, enfim.

E vamos fazer as pazes.

Recife, 02/06/2024

Luís Xavier
Enviado por Luís Xavier em 02/06/2024
Reeditado em 03/06/2024
Código do texto: T8077238
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